A HISTÓRIA DO SORVETE
A verdadeira história a respeito do surgimento desse doce tão gostoso e amado por todos é complexa e ainda em discussão, mas mesmo assim muito atraente.
A exata localização histórica não é fácil de saber, no entanto, dizem que já em 500 d.C os chineses descobriram como armazenar o gelo no inverno para usar depois, durante o verão. Para quando não tivesse neve disponível, o homem conseguiu encontrar uma forma de fabricá-la , aquecendo a água e depois depositando em caves muito frias, onde o vapor d'água congelava sobre as rochas.
Certamente já havia sido descoberto em tempos mais remotos por povos variados - como os babilônios, egípcios, romanos e árabes - e foi usado para refrigerar algumas substâncias doces, como suco obtidos de frutas.
Sabe-se também que os faraós do Egito e do Oriente estavam acostumados a oferecer aos seus hóspedes uma taça de prata dividida ao meio, com uma parte contendo neve e na outra suco de fruta.
Um dos primeiros registros históricos que falam de "sorvete" vem de um poeta grego que viveu em Atenas por volta de 500 d.C, que conta como os gregos gostavam de preparar bebidas refrescantes com limão, mel, suco de romã, e, claro, neve ou gelo.
Durante o período de Alexandre Magno (o grande líder macedônio), dizem ter sido cavados buracos no chão (chamado neviere) que foram utilizados exclusivamente para o conservação da neve, e que o imperador, em sua longa campanha na Índia, fingia ser um fornecimento contínuo de neve para consumir misturada com mel e suco de frutas para refrescar-se nos períodos quentes de verão.
Então, quando os romanos ocuparam a Grécia, conseguiram aprender a maneira revolucionária de usar a neve e o gelo para conservar comidas e resfriar bebidas. Foi encontrada uma velha receita escrito por Plínio, o Velho, que mostra como os romanos chegaram muito perto do conceito de "sorvete, uma bebida feita de gelo finamente triturado e mel com outra porção de gelo e suco frutas, de modo a obter um tipo de sorvete, o que poderia ser provado não só pelos ricos, mas por todo o povo.
Também em Roma foi encontrada a primeira receita para um tipo de sorvete, feita pelo general Quinto Fabio Massimo, que se tornou imensamente popular.
Com a queda do Império Romano e o advento da Idade Média, perderam quase todas as delícias que eram patrimônio comum de muitos povos, até mesmo o sorvete se foi, mas não nas terras do Oriente, onde ele continuou sendo aperfeiçoado na preparação de bebidas geladas.
A partir deste momento, o sorvete, ainda desconhecido na Europa, começou novamente a se espalhar a partir do Extremo Oriente: era a árabes que trouxeram de volta para a Itália esta receita especial, que foi chamado de "sorvete", do árabe sherbet (neve doce) ou do turco "sharber" (por em cima), da qual deriva a palavra "chorbet", ou seja, sorvete.
A nova distribuição de sorvete na Europa se deu a partir da Sicília, onde os mestres fabricantes de sorvete aprenderam com os muçulmanos todas as novas técnicas para a preparação de um sorvete mais refinado e mais leve, graças ao uso de suco de fruta nova e da adição de açúcar.
A partir da região do sul da Itália rapidamente essa sobremesa saborosa começou a se expandir para o norte, de Nápoles para Florença, Milão e Veneza, até chegar no restante da Europa (França, Alemanha, Inglaterra), fazendo muito sucesso em todos os lugares.
O boom do sorvete na Itália aconreceu durante o Renascimento (século XVI), com nomes importantes que marcaram a história.
O primeiro deles foi Ruggeri, um vendedor de aves e cozinheiro no seu tempo livre, que se apresentou a um concurso entre os melhores chefs da Toscana organizado pela Corte dos Médicis, com o tema "o prato mais diferente que você já viu". Ruggeri decidiu participar da competição, preparando uma sobremesa gelada através de uma receitas quase esquecida: o seu "sorbetto" conquistou a todos os juízes e sua receita rapidamente se tornou muito popular em toda a região, e muito solicitada.
Até mesmo Catherine Médici, ao partir em viagem que a tornaria esposa do futuro rei da França, duque Henri d'Orleans, queria levar consigo Ruggeri, a quem considerava o único chefe capaz de humilhar os franceses. O levou então a Marselha, e, durante o banquete de casamento, Ruggeri fez conhecer aos ricos franceses o seu famoso sorvete, cuja receita era "gelo de água açucarada e perfumada."
Foi em 1533, quando o renomado chef de pastelaria começou a dar asas à sua imaginação culinária, criando miniaturas e novas formas de sorvete, tornando-se rapidamente odiado por todos os cozinheiros em Paris pela sua mestria. Foi assim que um dia ele decidiu escrever a sua famosa receita secreta e entregou à Catarina com uma última mensagem, na qual dizia de voltar para suas galinhas abandonando toda a fama que fez dele o alvo de muita hostilidade. A esse ponto, os cozinheiros de Catarina de Médici tiveram a sorte de poder difundir o creme por toda a França.
Também em Florença, nos no século XVI, o famoso escultor, arquiteto e pintor Bernardo Buontalenti, que tinha uma paixão pela cozinha, foi incumbido de preparar banquetes suntuosos para os clientes italianos e estrangeiros, onde teve a oportunidade de apresentar suas fabulosas sobremesas congeladas, produzidas de elaborações pessoais e, de longe, muito superiores aos até então produzidos.
Estas saborosas sobremesas foram feitas com gemada e frutas, e teve um sucesso retumbante, dando origem ao famoso "creme florentino" ou "sorvete Buontalenti" que ainda hoje se pode desfrutar de todos em todas as melhores sorveterias, sobretudo em Florença.
Extraído de:
“Scienza e tecnologia del gelato artigianale” de Luca Caviezel – editora Chiriotti
